Há alguns meses tive o prazer de trabalhar para um rato. Ou melhor, um camundongo. Mas não se trata de um guabiru qualquer. Ainda que use bermudas vermelhas e um par de sapatos amarelos pavorosos durante a maior parte do dia, não abre mão de um fino par de luvas. O Sr. Rato – sim esse é seu sobrenome – é dono de um reino distante que talvez lhe seja familiar, o Walt Disney World Resort, ou Disney, para os mais íntimos.
Viajei para o tal reino a trabalho, num programa de intercâmbio, sob a promessa de dias e noites mágicas que, de fato, me foram proporcionados. Mas transformar abóbora em carruagem não é pra qualquer um não. O cargo que o Sr. Rato me ofereceu foi o de camareiro em um dos muitos resorts de seu complexo hoteleiro e, se não bastasse arrumar e limpar 18 suítes todos os dias, eu ainda era pago para sorrir. O que eu não sabia até então era que, tratando-se de Disney, sorrir é tarefa fácil até para um gato borralheiro mal humorado.
Já no primeiro dia de treinamento a mágica começou. Numa ida à cafeteria na hora do almoço me deparo com o Chapeleiro Maluco e a Ariel – sim, a Pequena Sereia – dividindo alguns pedaços de pizza entre uma xícara e outra de chá. Confesso que a criança dentro de mim ficou, ao mesmo tempo, um pouco confusa e louca para registrar aquela cena. Infelizmente fotografias são proibidas no backstage. Ordens do Sr. Rato.